terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Morte e vida, Poesia!

Morte e vida, Poesia! (Juliana Andreotti de Barros, dezembro de 2013) 


“Meu menino querido 
Quantos erros cabem, ainda, a nós? 
Quantas lágrimas cair-se-ão para alimentar 
Seu calar ensurdecedor 
Seu abraço sufocado? 

Ah, meu menino 
Se soubesses o quanto sangro 
Por não poder te amar 
Por não poder te encantar 
Por não poder te enxergar
Por temor a exaltar com vida 
Esse sentimento que me assassina por dentro? 

Meus dias ganharam cor 
Transbordando na paixão enganosa do teu olhar 
Meus sonhos transfiguraram esperanças 
Nas promessas ocultas
De nada em troca saber esperar

E no silêncio esculpido em meus versos enfadonhos 
-Cantigas de ninar que alimentam seu orgulho soberano- 
Eu te amo, eu te encanto, eu te enxergo 
Eu exalto com morte 
Um sentimento que, covarde, ganha vida.”

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A arte de saber temperar: uma análise des/construtiva do diferencial ‘ser mulher’. (Prólogo)

A arte de saber temperar: uma análise des/construtiva do diferencial ‘ser mulher’. - Prólogo

Cheguei num impasse literário: escrever ou não sobre os esclarecimentos de como um relacionamento pode dar certo através de ideais um tanto machistas - porém indiscutivelmente interessantes - de um experiente ‘mulherengo’ e, no caso, meu atual namorado! (Uó. Rs).

Resumindo o nada óbvio, há alguns dias publiquei em uma rede social um texto de uma jornalista carioca intitulado “Seja a mulher que seu ex vai sentir falta”. Gostei do conteúdo por motivos singulares, e decidi compartilhar com minha gama feminina de amizade virtual (algumas – POUCAS! – efetivamente reais). Por motivos cem por cento óbvios o dito cujo (podemos dar nomes aos bois?) saboreou as palavras do artigo e, como se não bastasse, me emparedou querendo saber os ‘porquês’ e ‘pelos quês’ eu havia gostado e me identificado tanto do texto, et cetera e tal. Desta forma trocamos uma noite de filme e pipoca por uma discussão incrivelmente descontraída e divertida, com pitadas de irritação causadas pela imponência pouco modesta do seu lado mulherengo, confesso! E quem mandou, Juliana, gostar daqueles que tem um pé no lado negro cafajeste da força? Mas esse não é o xis DESTA questão.


Desde já tenho certeza que ele não aprovará esse texto, pois as palavras dele foram bem claras: você só vai fazer parecer bonito e escrever com suas belas palavras exatamente aquilo que eu te falar! Bom... vem briga feia por ai, namorado!

(continua!)

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Lei do desapego – a nova fórmula para se apaixonar!

Para encerrar os 2.7 com chave de ouro..... ou não!



Lei do desapego – a nova fórmula para se apaixonar! (por Juliana Andreotti de Barros, outubro de 2013)


“To praticando a Lei do Desapego”. “Não sou de ninguém. Eu sou de todo mundo. E todo mundo é meu também”. Beijar na boca, pode! Fazer gostoso, pode! E se apaixonar? Não pode!”.

Estas frases, entre outros versículos musicais manjados, estão bombardeando as timelines dos solteiros de plantão (e dos compromissados de plantão, também!). É um tal de “pega, mas não se apega!”, que eu mesma cheguei a cair nesse conto do vigário: ficar, mas não se apaixonar.

Depois de algum tempo - quando nos encontramos no lado negro da oposição - é inevitável não olhar com outros olhos os dilemas estabelecidos por uma sociedade que não acredita mais no amor. É fácil dizer “vamos beijar, vamos para a cama, mas não vamos nos apaixonar”. Difícil é estabelecer o período quase imperceptível onde você passou a morrer de amores pelo lado rival. 


Há o lado bom do “descompromisso”? Sim, e eu mesma poderia citar vários. Mas os anos de experiência me mostraram que não há desprendimento que pague um abraço apertado, um sorriso estampado nos lábios (ainda mais porque você é o motivo dele!), um beijo apaixonado, uma tarde no parque andando de mãos dadas, um filminho no cinema em pleno sábado a noite.

A Lei do Desapego praticada por Thiago Brava. A liberdade de ser de ninguém pregada pelos Tribalistas. O “Tudo Pode” (mas nada posso!) intitulado por Sertanejeiros. Entre outros (tantos outros!) são ideais passageiros e – EXPERIÊNCIA PRÓPRIA – ridiculamente enganosos. A verdade, diga-se de passagem, é que eu sou uma poeta a favor do “mimimi, embora tenha praticado a ferro e fogo as pregações de Thiago Brava.

O “ser de ninguém” é tão vantajoso quanto um pão sem manteiga. Até certo ponto a gente se engana dizendo que aquele pão murcho e seco está saboroso. Mas quem é que quer tomar café da manhã com pão murcho e sem manteiga pro resto da vida?!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Bolinho de chuva!




Um textículo para uma chuvícula! (a autora).

Bolinho de chuva! (por Juliana Andreotti de Barros - setembro de 2013)

Dias de chuva me remetem à infância. 

Que delícia era acordar sob o barulho das gotas de chuva batendo na calha, roçando na grama, escorregando devagarzinho pelo verde-capim do jardim no fundo de casa. E o cheirinho da terra molhada, do barro recém-alimentado, da lama convidativa para servir de palco na propaganda do Omo

Em dias de chuva a gente acordava tarde. Em dias de chuva a gente tomava leite debaixo de cobertor. Em dias de chuva a gente enrolava pra ir pra escola. Em dias de chuva a gente ficava mais carinhoso. Em dias de chuva a gente se protegia. Em dias de chuva a gente aprendia a amar. Em dias de chuva a gente virava gente grande. Em dias de chuva a gente rezava pro Papai do Céu com mais fé. Em dias de chuva a gente vivia com mais intensidade. Em dias de chuva a gente ia comer bolinho de chuva na casa da “vózinha”.

Ser adulto em dia de chuva não tem tanta graça. Com a rara exceção daquele domingo a tarde, chuvoso, que você está bem acompanhado - com direito a pipoca e filme água-com-açúcar - a chuva no mundo dos adultos é sinônimo de desesperança. É sinônimo de tristeza. É sinônimo de blasfêmia.

Em dias de chuva a gente acorda cedo e tem que levantar. Em dias de chuva a gente trabalha. Em dias de chuva a gente se estressa com o trânsito que fica violento. Em dias de chuva a gente não reza, a gente xinga! Em dias de chuva a gente odeia. Em dias de chuva a gente vive com vontade de morrer platonicamente. Em dias de chuva a gente briga com o melhor amigo. Em dias de chuva a gente come aquela bolacha murcha que estava aposentando no fundo da gaveta do escritório.

Tic, tic, tic. Ping. Ping. Ping. Tac, tac, tac. Ping. Ploft. Bum

E a chuva intemperizou meu coração poeta. E a chuva desconfigurou minha alma menina. E a chuva apodreceu o bolinho de chuva da minha avó!


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Paixão póstuma em ascensão


Aproveitando que a inspiração mórbida está a cem por hora! Mais uma poesia para meu mundo sem rimas


Paixão póstuma em ascensão - Por Ana Mohan (setembro de 2013)





"Eu queria me perder no seu sorriso

Mergulhar de cabeça no profundo dos teus olhos famintos

Olhos que mudam de cor

E ocultam uma alma sombria de menino que perdeu a própria fé



Eu queria me deitar sobre seu dorso

Enxugar suas lágrimas de agonia

Lágrimas secas na longevidade da dor que transparece sob teu sorriso ensaiado

Meu menino, meu amante, meu inteiro, nosso!



Eu queria te contar que perdi o controle dessa estranha paixão

Da minha razão que não deveria estar apaixonada

Eu queria me render trezentos por cento

E oferecer meu coração remendado em troca do seu coração despedaçado



Eu tenho medo, meu menino

Eu estou apavorada, meu amante

Em face do abrigo de seu corpo quente após uma tarde de carícias

Eu me enxergo uma platônica amante sedenta por um sentimento que jamais ganhará vida



Então eu morro aos poucos

Por esse drama ridículo em ser poeta que não vive por completo

Então eu mato aos poucos

Por esse desejo sufocante em ter meu mundo em seu pensamento



Eu queria me perder no seu sorriso

Eu queria te contar que perdi o controle dessa estranha paixão

-Eu tenho medo, meu menino, estou morta de medo!-

Eu morri, meu menino, afinal."