terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A geração de mulheres "Sou pra casar" no banco de reservas cativo do relacionamento moderno

Um texto por Juli Ana Mohan (Dezembro de 2014)

“VOCÊ é mulher pra casar!!!!!!!!!!”


Quantas vezes VOCÊ já ouviu isso na vida? Eu mesma ouço quase todo sábado em alguma mesa de boteco, seguida pela expressão “Eu sou diferente de todos os outros homens que você conhece”. Ah, o delusório conto-de-fadas moderno, intensificado pela falta de memória precoce – estimulada pela malbendita cachaça – que faz toda mulher suspirar e voltar a fortalecer aquele fio bem fininho de esperança “dessa vez vai ser diferente!”.

Você tem beleza. Você tem um emprego bom. Você tem um sorriso sincero. Você tem bom humor. Você tem amigos para se desprender do apego de um macho alfa. Você tem estilo. Você tem família. Você tem casa própria. Você tem apreço pelo próximo. Você tem carinho pelos animais. Você ama e cuida da natureza. Então por que você ainda está solteira? “VOCÊ SÓ NÃO TEM BOM GOSTO PARA HOMENS, CARA COLEGA!” Vamos ser realistas: a verdade é ESTA!

Amigas e mais amigas socorrem à minha pessoa procurando respostas para a falta de homens decentes no mercado. Homens que sabem o que querem. Homens, na verdade, que queiram alguma coisa... qualquer coisa! Talvez por eu possuir um histórico de uma vasta gama em termos de relacionamentos, muitas se confundem acreditando que eu tenho a resposta para esse bicho de sete cabeças...Agora me respondam, colegas! Se eu tivesse a resposta pra pergunta mais cabeluda do século, por que raios eu ainda estaria solteira??

A verdade é que eu tenho ciência do meu estado perpétuo de solteirice....e ele se chama, em termos gerais, “a síndrome do dedo podre com alta preferência para homens que não prestam”! Mas deixemos a minha pessoa de lado (eu planto cafajestes, eu colho cafajestes!). E quanto a você, cara colega, mulher pra casar, que monta assento perpétuo no banco vizinho ao lado do meu...por que ainda está solteira? É tempo de olhar pro espelho bem a frente do nosso nariz e perguntar-se se estamos fazendo as escolhas certas. Se estamos nos permitindo às pessoas certas. Se estamos abrindo espaço em nosso coração para deixar entrar as pessoas certas.

O meu coração já virou a casa da mãe Joana. Foi um entra-e-sai tão absurdamente violento que nos dias de hoje ele já nem sabe mais o que está entrando, o que está lá dentro e o que já saiu. Mas para as demais mulheres que possuem um coração imaculado, o grande segredo é saber quem você vai deixar entrar, e quem você vai permitir ficar. Quem vai cuidar para que em seu coração jamais entre um outro alguém. Quem vai vigiar os muros e muralhas que guardam o maior tesouro: o amor!

Como mulher mimimi eu ainda não perdi as esperanças de um amor cansado, caolho, levemente corcunda e com indícios de estrabismo. Como poeta boêmia, cada retalho remendado em meu coração é o convite ao exagero camoniano da minha poesia. Como ser humano, cada amiga que chora ao meu ombro pela dor de um “ex-romance” findado é sinônimo de “vamos sair pra beber, esquecer aquele idiota e conhecer novos idiotas!”.

Homens decentes mundo afora existem, sim! Aos montes? Seria hipocrisia de minha parte falar que não há nenhum modelo compatível, fiel e apresentável nesse planeta habitado por bilhões de pessoazinhas...Talvez as escolhas tenham que mudar. Talvez o desafio seja mudar o padrão “malandro/cafajeste/sem-vergonha/ mas-com-aquele-beijo-maravilhoso-e-aquela-pegada-transcendental” por um modelo mais confiável, seguro, não tão “me leva às alturas”, e que saiba cuidar do nosso coração (por que, cá entre nós, eu já desisti dessa tarefa impossível!)....

Tudo é uma questão de trocar o duvidoso pelo certo. O "com muita graça" pelo "talvez sem nenhuma graça". O "meu Deus do céu, o que foi isso?" pelo "Meu Deus do céu, só isso?"... Mas, no fim das contas, tudo é uma questão de trocar "uma vida vazia com picos de momentos explosivos" por "uma vida completa com a serenidade de um amor tranquilo".  Diz ai, quem é que troca?


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Eu, protagonista de mim

Poesia, poesia, poesia. POESIA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Por Ana Mohan - a poeta que está dando piruetas de felicidade pela poesia vivida e, principalmente, decifrada em palavras por Juliana Andreotti de Barros


'Procura-se um amor que goste de poetas' (a autora)

Eu, protagonista de mim (Dezembro de 2014)

Talvez essa seja a fatalidade dos poetas
Amar ao extremo
Sofrer ao extremo
Escrever para curar a dor

Talvez a alma gêmea dos poetas seja a própria poesia
E o amor que carregam junto a ela
E o respeito que carregam junto a ela
E o final da página em branco que é a esperança do “pra vida inteira”

Talvez o poeta nasceu para viver sozinho no hoje
Na morte constante do ontem
No desejo ressuscitar o amanhã

Talvez o poeta seja um mártir
Na boemia de consagração de seus versos
Em pudor de sua própria fé, mundana
Em sacrifício de um coração remendado por amores sem finais da página em branco

Talvez eu seja, por fim, poeta por inteiro
Na morte constante do ontem
Na boemia de consagração de meus versos
Em sacrifício de um coração remendado
Por uma poesia que é a realidade do “pra vida inteira”

domingo, 29 de junho de 2014

A incrível geração de mulheres neu-ro-b-óticas

A incrível geração de mulheres neu-ro-b-óticas (texto por Juliana Andreotti de Barros)

Há algumas semanas vários amigos virtuais estavam compartilhando o link de um artigo cujo título aguçou minha curiosidade literária (e, confesso, a feminina também!). “A Incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo que um homem NÃO quer”. De cunho levemente feminista “Eu sou bem sucedida e independente! E homens não gostam disso”, eu simpatizei (em partes) com o texto da escritora consagrada.

Após esse artigo fazer a maior explosão no site do Estadão, naturalmente surgiram as partidárias de esquerda, lateral, horizontal, vertical e diagonal do segmento feminista. E os partidários machistas também. Eu confesso que fiquei com preguiça de ler todos os artigos ramificados que surgiram em DECADÊNCIA ao primeiro, porém ontem me deparei com o vídeo de uma feminista que se intitula “ácida” criticando as mulheres que se identificaram com o texto e chamando-as de “mulheres frustradas e mimimi”.

Bom, caros amigos. Essa escritora “des-consagrada” que vos escreve não tem a intenção de tomar partido para nenhum dos diversos lados deste polígono sem-vergonha. Porém, verdade seja dita, eu sinto pena das mulheres que não possuem voz própria e dependem das escritoras alheias para tomar partido por um lado que as torne descolada, IN e cool neste mundo ainda-mais-sem-vergonha.

Se somos a mulher mimimi, a mulher romântica, a mulher apaixonada, a mulher caseira, a mulher quero-um-amor-pra-vida-toda, consequentemente somos a mulher careta.
Se somos a mulher descolada, a mulher misteriosa, a mulher to-nem-aí, a mulher baladeira, a mulher foco-no-trabalho, a mulher quero curtição, consequentemente somos julgadas promíscuas e não convencional.

É hora de ligar o FODA-SE (sim, é um PUTA de um “palavrão” – na verdade é uma palavrinha bem pequena. Mas whatever!) e ser a mulher que você quiser! Seja a mulher que te satisfaz, independente do que a sociedade mesquinha vai pensar! Seja a mulher curtição em coração romantiquinho. Seja a mulher mimimi em agitação baladeira. Seja a mulher misteriosa que, em segredo, quer-um-amor-pra-vida-toda. Só não seja aquilo que a sociedade impõe como padrão a você. Não seja a mulher que fica em cima do muro entre textos e pretextos e que não sabe qual rumo seguir a ferro e fogo. Seja a mulher que nenhum homem quer, mas aquela que você mais admira. Seja a mulher que você sempre sonhou, e não aquela mulher que todo homem sonha. Seja a mulher que te faz feliz e, consequentemente, será a mulher que fará outras pessoas felizes com você!

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Descomplique(se)!

Texto por Juliana Andreotti de Barros (2013), publicado em Junho de 2014.


"Eu acho que tem gente que leva a vida muito a sério! Não que a vida não deva ser levada a sério, porém não tem que ser levada à risca!

Deixar-se errar de vez em quando faz bem...a gente aprende a acertar!
Sorrir por coisas pequenas constrói a verdadeira felicidade.
Chorar o leite derramado não solucionará seu problema, mas afogará sua mágoa...que mal tem nisso?
Assistir a filmes "água com açúcar" para tentar aumentar sua fé em finais felizes nunca é demais.
Dançar desengonçadamente sua música favorita sem se preocupar com as pessoas que estão olhando é libertador.
Cantar aquela música no chuveiro com sua voz desafinada chega a ser um transe.
Gastar uma tarde no parque com alguém que você gosta, deitado na grama, olhando pro céu azul de um dia ensolarado pode ser o auge da sua satisfação.
"Gaste mais horas realizando que sonhando", dizia o pensador!
Complique menos, descomplique mais! Ser feliz não é uma tarefa, é uma arte!"

terça-feira, 3 de junho de 2014

Como se livrar das garras desse amor (des)gostoso?!

Textículo! por Juliana Andreotti de Barros (Junho, 2014)

Como se livrar das garras desse amor (des)gostoso?!

Virou febre na rede social Facebook eventos imaginários que estão atraindo milhares de participantes virtuais. São eventos sátiros com as mais diversas temáticas, desde ‘inauguração do trem-bala no Rio’ até ‘viagem para Acapulco com tudo pago pelo Sr. Barriga’ (cá entre nós, ri litros – e não seria fantástico?).

Mas quando eu fui convidada para o “Workshop de como se livrar das garras desse amor gostoso”, ministrado por ninguém(s) menos que Chitãozinho e Xororó, eu TIVE que clicar no ícone “Participar” e compartilhar com todos meus amigos!

Piada vem, piada vai. Mas o assunto aqui é sério!

Bem lá no fundo eu precisava desse Workshop em dinâmica intensiva. E ai, colega... COMO SE LIVRAR DAS GARRAS DE UM AMOR, DESgostoso (ou não)?

Existem centenas (senão milhares!) de livros, teorias e caralho a quatro sobre términos de relacionamentos. Mas a verdade universal é que não existe fórmula para superar a dor de nenhum tipo de final (seja um namoro, um casamento, um falecimento...). Existem, sim, soluções encapsuladas que ajudam a minimizar. Mas finalizar por completo (ou simplesmente um impedimento para deixar que a dor comece a se proliferar) depende SÓ e SOMENTE SÓ de um fator: VOCÊ!

Eu já encarei vários finais em minha vida. Namoro. Morte. Trabalho. E depois de dar muito murro em ponta de faca tentando buscar a solução mais eficiente para cortar a dor, descobri que EU era meu único caminho cujas pernas podiam levar para longe da dor. (Às vezes, não tão longe). Mas caminhar paralelamente a ela já diminui o risco de cruzamentos desnecessariamente embaraçosos.


Verdade seja dita, meus caros, é que Chitãozinho e Xororó – (PARÊNTESES!!!) : em toda sua breguice sertaneja enrustida e debaixo da falta de caracóis daqueles cabelinhos de tremendo mau gosto – acertaram em cheio na solução para o livramento das garras do amor gostoso: “O jeito é relaxar, e começar tudo de novo!” E c'est fini!

sexta-feira, 21 de março de 2014

O plebeu encantado

Não é prosa. Tampouco é poesia. Será fantasia? É aquilo que você quiser que seja! Sim... você mesmo, caro e querido leitor! 

O plebeu encantado - por Juliana Andreotti de Barros

(para meu plebeu encantado...)

"Ele não é o príncipe encantado pelo qual você suspirou a adolescência (e início da fase adulta) toda. Mas ele destrói seu fôlego de mulher.
Ele não vai falar que te ama todos os dias. Mas ele vai falar sobre amor.
Ele não te liga pra falar o quanto você é especial pra ele. Mas ele te liga pra contar que está puto com o gerente do banco que não aprovou o aumento do crédito dele.
Ele não vai jogar rosas por onde você passar. Mas ele vai sair de casa a noite pra comprar o sorvete que você teve vontade repentina de comer.
Ele não é romântico. Mas ele sempre falou as verdades para você.
Ele não vai estar presente a todo momento que você quiser. Mas ele vai sair correndo do bar com os amigos quando você disser que está louca pra ficar com ele.
Ele não manda buquê de rosas no seu trabalho. Mas ele te surpreende com um botão de rosas quando você volta pra mesa do bar.
Ele não vai planejar uma viagem romântica para o próximo feriado. Mas ele vai alugar 5 filmes planejando assistir com você.
Ele não diz que você é a mulher mais bonita do universo. Mas os olhos dele brilham quando você sorri para ele.
Ele não vai abrir a porta do carro para você todas as vezes que forem sair. Mas ele vai abrir algumas vezes, o que fará você se sentir a pessoa mais especial do planeta.
Ele não falará o quanto você o faz feliz. Mas ele abrirá um sorriso de tirar o fôlego ao adormecer sob o toque do seu beijo."

...

De príncipes desencantados o mundo já está saturado! De príncipes desencantados EU já estou saturada! "O diferencial nos dias de hoje é encontrar homens reais com a capacidade de viver sentimentos verdadeiros" (a autora).

E que Deus salve os plebeus!

quarta-feira, 5 de março de 2014

Ode ao Menino do samba

Ode ao Menino do samba - Por Ana Mohan (Março de 2014)

"Ginga de menino manjado
Com samba na ponta dos pés
Com sombra profunda nos olhos que mudam de cor

Menino que tem medo de amar
Que tem medo de sofrer
Que tem medo do amanhã
-E quem não tem?-

Menino que tece desculpas
-Quando ele não se sabe desculpar-
Menino que se prende às próprias feridas
-Cujo enorme receio é poder machucar-
Menino com malícia afiada na língua
-Com razão obstruída que excede o linguajar-

Lindo menino com vislumbre de anjo
Homem temível com olhar de demônio
-Ah, MEU menino, ironicamente nosso!-
Não se sabe o quanto sua loucura retomou o meu regozijo
E os dias ganharam tormenta numa alegria IN concisa
E as horas transbordaram de cor em agonia pela sua espera
E os minutos rasgaram-se em pranto pela despedida de seu último beijo

-Ah, MEU menino, ironicamente nosso!-
Com samba na ponta dos pés
Com razão obstruída que excede o linguajar
Sua tristeza acendeu ganância em meu segredo
-Entrega-me o teu medo
Que eu te concedo o meu amar!-"

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Poesia póstuma para uma poeta obsoleta

Poesia póstuma para uma poeta obsoleta (por Juliana Andreotti de Barros - janeiro de 2014)

Morte,
Enfim chegastes  para carregar essa alma apodrecida aos céus
Abaixo das gramíneas verdes e com perfume de terra fresca
Cavada em sepultura por um coração que desistiu, finalmente, de tentar

Oh, morte!
Vitoriosa no coração medonho dos amantes enfraquecidos
Escolha indolor em uma via de amores angustiados
Soberana e amarga na rendição de miseráveis infiéis apaixonados

Preces sejam elevadas!
-Esta poesia traz o luto de um coração apodrecido-
Enterrem-me em cova vermífuga com perfume sanguinário
Rasguem-me em versos e reversos
E cubram meu leito da eternidade com manto contaminado por amor