quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Metade dela é inteiro (poesia autoral)

Metade dela é inteiro

"Seu moço,
Olha bem para aquela menina
Como nunca – jamais! – olhou para outro alguém

Perceba além do profundo dos seus olhos castanhos
Ou o profundo de seus cabelos negros
_A alma dela também é profunda!
E os lábios coloridos buscam atenção
Para camuflar um coração que transborda cinza inerte

Seu moço,
Veja bem aquela menina
Como sempre – e todo sempre! – vai olhar para dentro de si

Ela é feita de remendos que a vida desmanchou
Ela é feita de esperança que a vida enterrou
Ela é feita de todos os sentimentos do universo
_Ela não sabe ser metade!

Sinta como a paixão dela pelas coisas simples é imensurável
Perceba como ela vive por inteiro
_Ela tem esse defeito de saber amar demais
Ela não sabe gotejar sentimentos!_
Ela é oceano fundo, cujo profundo pode causar receio

Seu moço,
Não tenha medo de navegar em tempestade
_As águas calmas dela regozijarão!
Mas é preciso muita calma,
Muito zelo
Porque ela entregou demais
Porque ela transbordou demais
Porque ela confiou demais
Porque ela ressentiu demais
Porque ela teve a alma dilacerada por não saber ser de menos

Seu moço,
_Olha bem para aquela menina!

Ela só quer um final de tarde com os pés na areia
Ela só quer planejar o almoço do final de semana
Ela só quer dormir de conchinha no leito da noite
Ela só quer saber ser inteiro para outro inteiro
(...)
Ela só precisa encontrar sua outra metade

Metade dela é inteiro!
E metade dela, seu moço,
Ainda está afogada na tangente de almas superficiais"

Por Juliana Andreotti de Barros (agosto de 2017)