quinta-feira, 23 de julho de 2015

Procura-se um amor sem aplicativos no celular

Procura-se um amor sem aplicativos no celular - um texto por Juliana Andreotti de Barros

Após o famigerado texto (orgulho da mãezinha aqui!!!) “Procura-se um amor com barriga de cerveja”, eis uma vã tentativa de espalhar o meu ponto de vista sobre os relacionamentos ultra-modernos (termo o qual, com certeza, já deve ter caído em desuso nos dias atuais).

Esses dias eu estava na balada com algumas amigas, quando surgiu o assunto “olha o carinha que eu conheci no... Pof!!!”. Por um momento me assustei, achando que alguém havia levado um tombo. Mas depois de muito olhar para baixo e não ver ninguém esborrachado no chão, percebi que as demais meninas ao meu redor estavam com os olhos colados na telinha vibrante de um celular.

Pof! Mas não era Tinder? Mas eu só uso o facebook. Peraí.. tem aplicativo para paquerar??

Podem me chamar do que quiser: ultrapassada, falsa moralista, antiquada, old school, ou o que for. Mas eu jamais vou me submeter a um aplicativo apelativo à relacionamentos de, na maioria dos casos, um encontro só! Por outro lado o “sair e, de repente, conhecer uma pessoa legal” está ficando cada vez menos possível, visto que nos lugares pré-definidos para socialização e “paquera” (outro termo, na certa, metade das pessoas que estão lendo esse texto não saberão o que significa), as pessoas não desgrudam mais os olhos de seus RESPECTIVOS celulares. De repente o amor da sua vida está ali, bem a sua frente, mas os seus olhos e os dele estão focados aonde o incrível brilho do celular está.

Acho que esse é um dos grandes dilemas da solteirice moderna. Encontrar alguém já não era simples no passado, onde não existiam celulares, tampouco chamariscos aplicativos de relacionamentos, e a interação ficava por conta da troca de olhares em lados opostos da balada, e com sorte uma mensagem escrita em guardanapo (geralmente sujo com óleo de salgadinho) no final.

Hoje em dia o buraco está muito mais fundo. Se você tem a sorte de conseguir uma interação pessoal em carne-e-osso com a pessoa desejada no recinto da balada, ainda há o dilema de “em quantos aplicativos de ‘paquera’ esse cara está”, somado ao fato de que você não se encontra em nenhum deles, multiplicado pelo fato de que você não tem mais idade tampouco paciência para ficar flertando cara-a-cara, quanto menos “tela-a-tela”. 
Era tão mais fácil a minha adolescência: você gostava de uma pessoa. Sua melhor amiga ia conversar com o melhor amigo dessa pessoa. E um belo dia vocês se encontravam e trocavam beijos de adolescentes, e no final das contas ninguém precisava excluir ou bloquear ninguém de aplicativo algum.

A busca de um relacionamento nos dias atuais é demasiadamente cansativa. E eu, particularmente, já não tenho mais paciência ou saco para certas formalidades. Se atualizar o status do meu facebook já está ocupando um tempo precioso das minhas horas, imagina ter que lidar com Pof’s, Tinder’s, Badoo’s, Date Me’s, Flert’s (eu fiz uma busca no google! Rs) e afins para ter a mínima chance de um encontro desastroso e desgostoso num final de semana? Ah, eu prefiro mesmo é ficar em casa e encher minha barriga com comédia barata, e saturar meu coração com óleo de pipoca de micro-ondas.

O novo ideal de homem nos tempos modernos não é o príncipe montado no cavalo branco, não! Nem o cordeiro em pele de cafajeste. O desafio está em encontrar pessoas que se relacionam pele-a-pele. Boca-a-boca. Olhos-nos-olhos. Face-to-face...book? Não. Para um novo amor, um velho celular, por favor!

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Escorpiana – uma alma sem reservas (Poesia)

Vinícius de Moraes. Ah, meu poetinha adorado... Até VOCÊ tentou d-escrever a mulher escorpiana, em seu verso lindamente perspicaz. Mas apenas uma alma escorpiana entende outra alma escorpiana. Assim sendo, atrevo-me a cantar.


Escorpiana – uma alma sem reservas (Poesia) - Por Ana Mohan (julho de 2015)

"Ela é compaixão
Ela é desejo
Ela é veneno
Ela é amor que tem medo de amar

Ela é aflição
Ela é inteiro
Ela é metade cheio
Ela é pavor que não quer se apavorar

Ela é hora do recreio em dia de escola
Ela é hora do almoço em dia de trabalho
Ela é o happy hour em dia de reunião
Ela é a hora certa em ponteiros tortos
Em relógios quebrados que temem contra o tempo
-E a solidão!-

Ela é pecado florescido em campo de lírios
Ela é embriaguez despertada em água cristalina
Ela é inspiração denegrida em versos sob a luz de tirania
Ela é desconhecido profundo, que corrói a inocência 

-Ela é a hora certa que não quer se apavorar!-
-Ela é ponteiro torto que tem medo de amar!-
-Ela é metade cheio!-
Ela é uma alma sem reservas"

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Solstício em Mi sustenido (Poesia)

Nota da autora: Nova poesia. Velho amor. Nova história.... Velha poesia. Novo amor. Velha história....

Solstício em Mi sustenido - Poesia por Juli Ana Mohan (julho de 2015)

"[Ele apareceu como uma promessa de um amanhã]
Eu andava distraída
Vagueando pelas ruas meu coração fragmentado, póstumo
Dilacerando sentimentos que não deviam, jamais, ter florescido
[Ele me ofereceu uma mão a uma alma que tinha sede de solidão]
Como uma promessa de um amanhã!

Os olhos carregavam desejo e tristeza
A boca sangrava volúpia 
As mãos transpiravam urgência
O corpo ardia em meu corpo
A alma transviava a minha alma
[Ele me ofereceu pecado, e transbordou a minha calma!]

Eu andava distraída
Mendigando migalhas de fé que alimentassem meu espírito pecaminoso
[Ele apareceu como uma promessa de um amanhã]
E me ofereceu a sua mão
[Como uma promessa de um amanhã]
E me ofereceu pecado
[Como uma promessa de um amanhã]
E transbordou a minha alma
[Que tinha sede de solidão]"