quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Poesia de 5 minutos

Por Juliana Andreotti de Barros (Cotia, Novembro de 2016)

"Um verso finito
(Uma prece de amor)

Quiçá, meu bem
-Que mal me detém!-
Traduza o mar
Numa oração para o infinito

E na sombra no final da página
Eu enxergo cores
Eu inspiro flores
Eu expiro amores
Eu aspiro morrer desse mal de bem-me-quer

Quiçá, um porto maduro
Onde eu possa reerguer os meus muros
Abrigar um querer inseguro
E abrir a alma pra uma estória com final feliz"

quarta-feira, 4 de maio de 2016

SÓ, POR HOJE

SÓ, POR HOJE - Poesia por Juliana Andreotti de Barros (maio de 2016)


"Só por hoje
Eu queria sentir sua boca recém acordada
E beijar o seu gosto recém amanhecido
E abraçar o seu perfume recém despertado
(Pode ser que eu tenha amado)



Só por hoje
Eu queria gritar que te amo sem o medo do amanhã, incerto
E dizer que te preciso sem o pretexto do agora, impossível
E sussurrar que te almejo com a lembrança do ontem, invivido
(Pode ser que eu tenha sentido)



Só por hoje
Eu queria extinguir da memória o teu gosto, apodrecido
E sepultar a reminiscência da tua boca, profanada
E respirar o ar sem o teu perfume, amargado...
, por hoje!"

terça-feira, 12 de abril de 2016

Devaneio

A demora do fretado pode ser inspiradora! Devaneio de 5 minutos que resultou em poesia pra vida toda!

Sem título, segue poesia por Juliana Andreotti de Barros (abril de 2016) - todos os direitos de publicação reservados à autora

"Tô com vontade de ter alguém pra poder ligar no fim da tarde
E perguntar "como foi seu dia?"
Pra poder abraçar de noite
E dormir de conchinha na madrugada

To com vontade de último primeiro beijo
E incontáveis segundos beijos
E sensação de toque na pele
Que faz a gente se sentir em casa

Tô com vontade de romantismo bobo
De casalzinho recém-casado
Pra todo o resto das nossas vidas

Tô com vontade de fazer manha pra ganhar colo
De fazer bico pra ganhar cafuné
De fazer briguinha pra ganhar amor

Tô com vontade de rasgar coração
Me alimentar de olhar seu
Matar a sede com o gosto da tua boca

Tô com vontade de gritar pras paredes
O que o mundo não é capaz de ouvir
O que o ser humano não é capaz de discernir

Morro de vontade. . Acho que já morri!"

O primeiro último à-Deus (poesia)

O primeiro último à-Deus - Por Ana Mohan (fevereiro de 2016)

"O som do coração tic-taqueia, ensurdecedor
Não se trata do vazio que tua presença deixou
Mas do inteiro que tua ausência deixará de preencher

Eu não teria feito diferente, eu teria feito melhor! O melhor último beijo. O mais demorado último abraço. Eu teria prolongado a última noite de amor por dias, até que seu corpo desfalecesse sobre o meu em agonia de puro prazer. Eu não teria parado...
Eu teria elogiado mais o seu sorriso, que me despe a alma.
Eu passaria horas olhando teu olhar por mim, que me rasga a cólera.
Eu teria acariciado cada vértice do seu colo.
Eu beijaria cada célula da sua boca.
Eu teria dilacerado, uma vez mais, cada aorta de meu coração por um último gozo de primeiro adeus.

Eu não teria feito diferente, eu teria feito menos! Menos brigas. Menos lágrimas. Menos sofrimento. Menos pé no chão. Menos implicâncias. Menos saudade. Menos horas dormidas...

Eu não teria feito diferente, eu teria feito mais! Mais brigas, para mais reconciliação. Mais lágrimas de felicidade. Mais sofrimento no cume do ápice do prazer. Mais pé no chão, descalços sobre a grama. Mais implicâncias por suas coisas bobas que, no fundam, me encantavam. Mais saudade para matarmos juntos. Mais horas dormidas, em conchinha com você...

O som do coração tic-taqueia, enlouquecedor
Não se trata da presença que teu vazio deixou
Mas da ausência que teu inteiro deixará de preencher"

quarta-feira, 23 de março de 2016

Poética (poesia)

Poética
Por Juliana Andreotti de Barros (março/2016)


"Meu coração é pássaro
-Voa e voa e voa!-
Avoado entre ninhos de corações inóspitos
-Querendo pousar!-
Repousando sobre o dorso de um berço construído com espinhos



Minha alma é pena
-Leve quando presa
Solta quando parasita!-
Doente na loucura que é ser sanidade
Sadia na lucidez que é morrer na saudade



Minha prosa é poesia
-Em versos rascunhados no ofício da vida!-
Em letras que não rimam
Em junções que não encaixam
Em estrofes que choram
Em versículos que desfalecem
Em ninhos que não repousam
-Em pássaros assombrados pelo medo de voar!"

sexta-feira, 11 de março de 2016

Apenas palavras oprimidas gritadas à rede

Não é poesia. Tampouco dissertação. Longe de ser carta. É doença, Crônica! (A autora)

"Vai, menina. Enche o peito e rasgue a coragem.
[O mundo é de quem faz!]

Perdeu as rédeas da vida? Aprenda a cavalgar pelo instinto.
Quebrou a cara? Aprenda a recolher os pedaços e a recomeçar.
Machucou a alma? Tenha a certeza que a dor de quem se permite é mais gratificante que a ausência de quem se omite.
Dilacerou o coração? Faça-o mais duas, três vezes, quatro vezes. Quantas for preciso.
Oprimiu os sentimentos? Grite aos ventos o âmago que existe em você.
[O mundo é de quem chora!]

Escreva palavras de amor, e não se prenda a rimas.
Ouça músicas bregas, e não se apague a censuras.
Dance desengonçada, e não se atente a quem te assiste.
[O mundo é de quem move!]

Abrace com todos os músculos.
Beije com todos os nervos.
Faça amor com todos os ossos.
Seja amor com toda a alma.

Vai, menina. Rasgue o peito e encha a coragem.
[O mundo é agora!]"

Por Juliana Andreotti de Barros (Março/2016). Sem título e sem especificações. Apenas palavras oprimidas gritadas à rede.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

E no meio de tanta gente, eu encontrei você!

"E no meio de tanta gente eu encontrei você. Entre tanta gente chata sem nenhuma graça, Você veio. E eu que pensava que não ia me apaixonar.(...)"




E no meio de tanta gente, eu encontrei você!  (Por Juliana Andreotti de Barros - fevereiro/2016)


Era segunda-feira de manhã. O sol - ainda tímido - aquecia a pele nua e rosada da bochecha, dava brilho celestial ao par de olhos castanho-jabuticaba, alçava fogo no escarlate dos lábios que permaneciam semiabertos.

Um quadro cinzento. Desenhado com pinceladas de fumaça de escapamento de caminhões. Buzinas ensurdecedoras de um mundo apressado. Centenas de pessoas se trombando em maratona por um dia a menos de vida. O bebê chorando no colo da mãe. O vendedor ambulante. O passarinho caído na guia da calçada. O botão de Maria-sem-vergonha apontando um início de vida finita. O telefone tocando. O bloco de tarefas. O documento para entregar. O murmurinho da voz de uma inimizade. A porta batendo. Crianças gritando. O pedinte mendigando um pedaço de pão. O bom dia ‘quase que sussurrado’. O barulho do teclado do computador. O sinal de alerta. O ir-e-vir que não chega a lugar nenhum... Em meio ao cinza todo, um feixe de sol - ainda tímido - de segunda-feira de manhã, iluminando aquela mexa de cabelo que ficou despenteada... Um quadro divino!

Eu apenas admirava. Incapaz de reproduzir em palavras aquilo que o coração explodia em emoção.
Qual será a história dessa pessoa? Quantos amores ela teve? Qual a cor da sua alma? Quais segredos ela esconde? Será que ela canta? Será que dança? Será que gosta de amora? Quanto tempo leva para eu conhece-la? Qual o sabor do seu beijo quando acorda? Aposto que ela sabe que é incrível... (Será)? Quanto tempo estou parada admirando ela? Vou falar com ela? Quero conhece-la!

Neste momento o trem das Sete chegou. A multidão frenética voltou minha atenção para o feixe de sol que ofuscava meus olhos castanho-jabuticaba. Arrumei a mexa de cabelo que estava despenteada. Guardei cuidadosamente o espelho que eu segurava avoada durante minutos, e finalmente conferi se o batom vermelho estava sem nenhum borrão!  Entrei no trem e segui rumo, aliviada por ter encontrado, uma vez mais, meu Eu, que tantas vezes se perde no cotidiano e nas (faltas de!) atitudes alheias...

Nota da autora: Algumas vezes estamos tão focados em encontrar outras pessoas, que acabamos nos perdendo de nós mesmos. Esquecemos nosso poder. Nossa unicidade. Nosso bastar-se de si mesmo. Perca-se quantas vezes for necessário, mas corra se encontrar todas as vezes que for preciso. No meio de tanta gente nesse mundo existe uma pessoinha absolutamente especial e que te fará imensamente feliz: você! Lute por você. Apaixone-se por você. Faça planos por você. Encontre você no meio de tanta gente, e finalmente outras pessoas começarão a te encontrar também!