terça-feira, 12 de abril de 2016

O primeiro último à-Deus (poesia)

O primeiro último à-Deus - Por Ana Mohan (fevereiro de 2016)

"O som do coração tic-taqueia, ensurdecedor
Não se trata do vazio que tua presença deixou
Mas do inteiro que tua ausência deixará de preencher

Eu não teria feito diferente, eu teria feito melhor! O melhor último beijo. O mais demorado último abraço. Eu teria prolongado a última noite de amor por dias, até que seu corpo desfalecesse sobre o meu em agonia de puro prazer. Eu não teria parado...
Eu teria elogiado mais o seu sorriso, que me despe a alma.
Eu passaria horas olhando teu olhar por mim, que me rasga a cólera.
Eu teria acariciado cada vértice do seu colo.
Eu beijaria cada célula da sua boca.
Eu teria dilacerado, uma vez mais, cada aorta de meu coração por um último gozo de primeiro adeus.

Eu não teria feito diferente, eu teria feito menos! Menos brigas. Menos lágrimas. Menos sofrimento. Menos pé no chão. Menos implicâncias. Menos saudade. Menos horas dormidas...

Eu não teria feito diferente, eu teria feito mais! Mais brigas, para mais reconciliação. Mais lágrimas de felicidade. Mais sofrimento no cume do ápice do prazer. Mais pé no chão, descalços sobre a grama. Mais implicâncias por suas coisas bobas que, no fundam, me encantavam. Mais saudade para matarmos juntos. Mais horas dormidas, em conchinha com você...

O som do coração tic-taqueia, enlouquecedor
Não se trata da presença que teu vazio deixou
Mas da ausência que teu inteiro deixará de preencher"

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